Governo não vai aceitar inclusão de fator previdenciário em MP do ajuste fiscal

Governo não vai aceitar inclusão de fator previdenciário em MP do ajuste fiscal

Em mais uma semana de negociações com o objetivo de ver aprovadas as medidas provisórias (MP) que alteram o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários e, com isso, diminuir o volume de gastos da União com os programas, o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, disse que o governo não vai incluir as discussões sobre o fim do fator previdenciário na MP 664. A matéria altera as que regras de concessão do auxílio-doença e da pensão por morte.

De acordo com o ministro, o assunto já é tema de um fórum, criado no início deste mês para debater políticas de emprego e renda entre o governo, as centrais sindicais e os empresários. “Não discutiremos o fator previdenciário. Este não é o objetivo do governo nas MPs. A presidenta editou decreto que cria a discussão sobre fator. O prazo definido é de 180 dias, não é fórum para desviar a discussão. Ele vai encaminhar ao Congresso o fruto da discussão”, disse.

Durante as discussões sobre a medida provisória na comissão especial, a inclusão de uma emenda que propõe uma alternativa ao fator previdenciário chegou a ser cogitada. A intenção era adotar uma fórmula que soma a idade dos trabalhadores com o tempo de contribuição exigido, retardando assim as aposentadorias. A fórmula que mais encontra consenso com as centrais sindicais é de 85 anos para as mulheres (somado idade com tempo de serviço) e 95 anos para os homens.

Segundo o líder do governo no Congresso, José Guimarães (PT-CE), com exceção do fator previdenciário, todas as questões principais relatadas pelos líderes há dez dias, no que diz respeito à MP 664, foram atendidas pelo governo. Carlos Gabas afirmou que com as alterações do relator, será possível à União economizar R$ 100 bilhões em dez anos, 50% menos que a proposta inicial. “[O valor do impacto é] acumulativo. Nos primeiros meses haverá um impacto reduzido, depois se acumula. [O valor] reduziu à metade, [antes das alterações] tínhamos algo em torno de R$ 200 bi em 10 anos”.

O líder e o ministro participaram de uma reunião ontem (11) com o vice-presidente da República, Michel Temer, e líderes da base aliada no Congresso Nacional. Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy; do Planejamento, Nelson Barbosa; das Comunicações, Ricardo Berzoini; e da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, também estiveram presentes.

O deputado José Guimarães informou que a votação da MP 664 começará na quarta-feira (13). A intenção do governo é aprovar o parecer do relator, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), e concluir as votações no dia seguinte. “Nossa expectativa é mais uma vitória. Estamos trabalhando bem, a base cada dia fica mais bem afinada”, disse o líder.

Segundo Guimarães, ainda está em discussão o fato de o PDT ter sido o único partido da base aliada que encaminhou voto contrário à MP 665, que trata das regras de acesso ao seguro-desemprego, abono salarial e seguro defeso. “Está sendo tradado com o governo e a Direção Nacional do PDT, não sei ainda qual o desfecho final”. De acordo com o deputado, os líderes da base fizeram uma ao vice-presidente Michel Temer para que tratasse com a presidenta a situação do PDT. “[A situação] está sendo tratada, mas não sabemos ainda o que vai acontecer com o PDT”. Apesar disso, José Guimarães convidou o partido a ajudar nas votações do ajuste fiscal.

Já o PMDB vai votar a favor da tese do ajuste, informou o líder Leonardo Picciani (RJ). “O PMDB apoia o ajuste com perspectiva de melhoras quadro econômico do país para futuro. Acredito que [a aprovação da MP] será na mesma proporção [da votação na semana passada], acredito até em alguma melhora. Existem deputados que votaram contra na semana passada e estão revendo a posição para esta semana”, disse.

Para Carlos Gabas, por ser “importante para o país”, o Congresso vai aprovar a medida, por ela “dá uma perspectiva de retomada de crescimento”. “O item que mais tinha apelo, sensibilidade, era o valor das pensões, e esse item foi retirado. O relator retirou, e resolveu, em comum acordo com o governo, que nós encaminharíamos essa discussão via PEC [Proposta de Emenda à Constituição] para que ela alcançasse o conjunto dos trabalhadores. A pensão segue com valor de 100%, por isso reduziu bastante a sensibilidade”, afirmou.

Agência Brasil

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