Crise da cana se agrava e Alagoas pode perder mais duas usinas

Crise da cana se agrava e Alagoas pode perder mais duas usinas

Alagoas já foi o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. Ficava atrás apenas de São Paulo. Do anos 2000 para cá o estado perdeu o posto, sucessivamente, para o Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Há 10 anos, em 2004, Alagoas esmagou 28,7 milhões de toneladas de cana , o Paraná 28,4 milhões e São Paulo 207,8 milhões. Na safra 2013/2014 Alagoas produziu 21,6 milhões de toneladas (MT) de cana, atrás de Goiás (62,01 MT), Minas Gerais (61,04 MT), Mato Grosso do Sul (41,08 MT), Paraná (42,2 MT) e São Paulo (367 MT).

Não foram apenas os outros estados que aumentaram sua produção. No embalo da crise financeira de 2008 a cana-de-açúcar perdeu terreno em Alagoas, literalmente. Nos últimos três anos, foram desativadas no Estado, sucessivamente, quatro importantes indústrias: Laginha, em União dos Palmares; Uruba, em Atalaia; Guaxuma, em Coruripe e Roçadinho, em São Miguel dos  Campos. Cada indústria fechada representa a perda de dois a três mil postos de trabalho.

No caso de Alagoas a crise se agravou não apenas em decorrência da crise financeira, mas também em função da perda de competitividade do etanol e, principalmente, por conta da seca de 2012. O cenário atual não é nada promissor. Os preços continuam em baixa, as  indústrias descapitalizadas e sem acesso a novas linhas de crédito. Para piorar, a ajuda prometida pelo governo federal, a subvenção do etanol e da cana-de-açúcar, ainda não foi liberada – e talvez não saia mais este ano.

Apesar das dívidas e dos poucos recursos, as maiores usinas conseguiram iniciar a moagem em Alagoas até meados de outubro deste ano. As empresas em melhor situação iniciaram a moagem em agosto e setembro. É o caso dos grupos Maranhão, Caeté e Coruripe e da “intrusa” Pindorama. Algumas empresas, no entanto, só conseguiram começar a moagem da safra 2014/2015 no final de outubro ou no começo de novembro, com dois meses de atraso.

Esse é o caso das usinas Porto Rico, de Campo Alegre, e Porto Alegre, de Colônia Leopoldina, ambas cooperadas, e da Utinga Leão, de Rio largo, que enfrenta processo de recuperação judicial.

Já a Usina Taquara, de Colônia Leopoldina, iniciou moagem no final de outubro, mas foi interditada por problemas ambientais. Existem dúvidas sobre a retomada de sua operação. A Usina Santa Maria, de Porto Calvo, ainda não iniciou a moagem. A empresa é mais uma que pode ser desativada em Alagoas na safra 14/15.

A Santa Maria  tentou um acordo com trabalhadores da indústria na semana passada, com intermediação da Justiça do Trabalho. Não houve acordo. Com salários atrasados, a indústria não tem previsão para iniciar a moagem.

Outras unidades cooperadas que enfrentavam problemas semelhantes chegaram a um entendimento e já iniciaram ou estão iniciando suas safras.

O presidente do sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Açúcar, Jackson Lima Neto, diz que nunca viu nada parecido em toda a sua vida. Depois da desativação das três usinas do grupo João Lyra e da Roçadinho, na safra passada, ele teme pela desativação de novas indústrias no ciclo atual: “quem mais perde são os trabalhadores e o estado”, pondera. EJ

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Redação

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