Num debate marcado por troca de acusações e pegadinhas é fácil deduzir que a maioria dos candidatos ao governo de Alagoas está completamente despreparada até para a disputa em si, que dirá para governar o estado.
Debate de maior audiência durante toda a campanha eleitoral deste ano, o “encontro” que a TV Gazeta de Alagoas realizou na terça-feira, 30, a noite, deveria servir para a apresentação de propostas – uma oportunidade para tirar as dúvidas do eleitor. Não foi o que se viu.
Nas ruas, o debate ainda é lembrado até agora com boas gargalhadas. Teria sido um show de humor? E qual o motivo da piada?
O eleitor ri para não chorar. Faltaram propostas. Faltou bom senso. E quem perde mais com tudo isso é o próprio cidadão que vê uma oportunidade tão importante jogada fora.
O desempenho de cada um
Justiça se faça. Se todos os candidatos perderam (ou deixaram de ganhar), alguns perderam mais que outros.
O candidato do PP, Benedito de Lira, preferiu partir para o ataque e terminou se complicando. Biu teve dificuldade para fazer perguntas, mesmo com a cola (papel) do texto na mão e não conseguiu apresentar, na prática, nenhuma proposta. Disse apenas que sabe fazer e que vai fazer, mas terminou assumindo que é o responsável pela Educação no segundo governo de Téo Vilela.
“Bombardeado” por Benedito de Lira e Mário Agra (PSOL), Renan Filho (PMDB) foi o único, além de Júlio Cezar (PSDB), que conseguiu apresentar propostas concretas. Ele propôs a construção de hospitais no interior, renegociação da dívida com aplicação dos recursos para educação, reforço na segurança e até meio ambiente, mas gastou grande parte do tempo se defendendo de acusações feitas nas perguntas, nas réplicas e tréplicas.
Mário Agra concentrou seus ataques em Renan Filho e tentou até uma pegadinha ao perguntar se candidato sabia o nome de pássaros ou conhecia as reservas ambientais do município – que teria sido destruídas pela família dele. RF mostrou que conhecia o tema e terminou alfinetando Agra: “se você quiser discutir Murici lhe convido a mudar o título e disputar a prefeitura da cidade”.
Júlio Cezar, apesar de prejudicado por uma maquiagem excessiva, conseguiu vender bem seu peixe e, além da Educação, que será uma de suas prioridades, disse que vai trazer 100 novas indústrias para Alagoas e dar continuidade ao programa habitacional do governo Vilela: “em sete anos foram construídas 50 mil casas, quase o dobro das 26 mil casas construídas por todos os outros governadores de Alagoas, juntos”.
“Escanteados”, o Coronel Goulart, que participou graças a uma liminar e Joathas Albuquerque (PEN) conseguiram melhorar a participação em relação a debates anteriores, mas não o suficiente para ganhar a atenção da maioria dos telespectadores. Goulart foi de chamado de laranja, enquanto Joathas preferiu “bater bola” com Mário Agra.
A voz das ruas
Considerando apenas os dois candidatos à frente nas pesquisas, quem se beneficia do resultado do debate é Renan Filho, que conseguiu falar melhor. Benedito de Lira perdeu porque passou insegurança, não apresentou propostas e titubeou em algumas perguntas e respostas. No geral foi isso que ouvi de várias pessoas. EJ
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