Crise no Eisa pode inviabilizar construção do Estaleiro de Coruripe

Crise no Eisa pode inviabilizar construção do Estaleiro de Coruripe

No final de 2009 o empresário colombiano German Efromovich chegou a Alagoas com uma proposta impactante. O presidente do Synergy Group anunciou a implantação do Eisa Alagoas: o maior projeto de estaleiro de navios das Américas, com capacidade de geração de 10 mil empregos diretos e 40 mil empregos indiretos.

Desde então Alagoas e os alagoanos estão atrás do “sonho” que continua enrascado até hoje na burocracia do Ibama. A licença prévia saiu em 2013, o estaleiro mudou de nome para ENOR (num prenúncio da crise no Eisa), mas ainda falta a licença de implantação, que deve sair até meados de agosto deste ano, podendo ser liberada este mês.

O problema é que depois de tanta espera, a licença e o Ibama podem chegar atrasados. Durante esse período o humor da economia mudou e a indústria naval brasileira que sofre com a concorrência chinesa e é dependente da Petrobras entrou em desaceleração.

Para estragar ainda mais o “sonho” alagoano, empresas mais antigas e menores – caso do Estaleiro Ilha S/A, o Eisa do RJ, que tem capacidade para fabricar apenas dois navios simultaneamente – sofrem por conta de problemas de produtividade e alto custos.

No caso do Eisa, existe mais um complicador: o Synergy Group não tem mais recursos para manter o custeio da operação e a empresa pode fechar. O Eisa está com atividades suspensas e deu férias coletivas a seus 3 mil trabalhadores.

As férias coletivas remuneradas deveriam terminar no dia 30 de junho, foram prorrogadas para 14 de julho e novamente prorrogadas, esta semana, para o próximo dia 28. As dificuldades da empresa, que está com salários atrasados, seriam decorrentes de atrasos de pagamentos dos armadores.

No mercado, as informações são de que Efromovich que controla o EISA via Synergy Group, estaria buscando compradores para o estaleiro.

Nesse cenário, o que se questiona é se o Synergy Group terá condições de tocar o projeto do novo estaleiro em Alagoas – um negócios de mais de R$ 2 bilhões, que requer, além do financiamento extremamente complexo, uma contrapartida da empresa de no mínimo 20%.

A um importante interlocutor de Alagoas Efromovich avisou que a crise do Eisa no RJ não vai interferir no projeto de investimento do Synergy Group em Alagoas. O que se pode deduzir é que ele tem alguma “carta na manga” ou deve recorrer a parceiros para tocar o negócio.

Essa resposta só teremos nos próximos dias, depois que o Ibama liberar a licença de implantação.

A crise do Eisa no RJ

Em carta aberta distribuída no último dia 14, o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro alerta que 3 mil trabalhadores podem ficar sem empregos por conta do possível fechamento do Eisa:

“Três mil trabalhadores do EISA podem ficar sem emprego
A apreensão dos trabalhadores do Estaleiro Eisa, na Ilha do Governador, toma a cada dia maiores contornos de realidade. A empresa passa por dificuldades. Neste momento, os cerca de 3.000 trabalhadores foram colocados em casa de férias coletivas dadas pelo Eisa …

…O pátio da empresa, que hoje possui o maior número de encomendas do Brasil, está parado, o que deixa um futuro de incerteza para os funcionários e suas famílias…

…Atualmente, os trabalhadores do Eisa (Ilha) já vêm enfrentando o atraso de salários e outros direitos. No ano passado, mais de 400 foram demitidos …SINDIMETAL-RJ”.

A carta completa e mais informações você pode ler neste link: http://migre.me/kxsFC

 

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Edivaldo Junior

Edivaldo Junior

Edivaldo Junior é jornalista, colunista da Gazeta de Alagoas e editor do caderno Gazeta Rural

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