Helicoverpa armigera é uma lagarta identificada recentemente, que tem surpreendido produtores e pesquisadores pelo seu poder de destruição, causando prejuízos principalmente às lavouras de milho, soja e algodão.
O site do Ministério da Agricultura reuniu uma série de esclarecimentos e orientações a respeito desta praga exótica, uma grande preocupação do governo federal, que tem se mobilizado para desenvolver ações de combate e defesa de nossa agropecuária.
Por que essa praga é tão preocupante para os produtores?
A Helicoverpa armigera apresenta cinco características importantes:
• alto grau de polifagia, atacando várias espécies de interesse econômico, mas também hospedeiros selvagens;
• alta capacidade de dispersão dos indivíduos voadores (mariposas);
• alto potencial biótico, ou seja, elevada capacidade de reprodução e sobrevivência;
• potencial de desenvolvimento de resistência a inseticidas;
• plasticidade ecológica, ou seja, alta capacidade de adaptação a diferentes ambientes, climas e sistemas de cultivo.
Quais culturas podem ser atacadas pela lagarta?
Existem relatos de mais de cem espécies de plantas que podem ser hospedeiras e atacadas pela Helicoverpa armigera, inclusive culturas comerciais, como feijão, soja, algodão, milho e tomate.
Quais regiões foram realmente atacadas pela Helicoverpa armigera?
Os relatos recebidos tratam do Oeste Baiano e coletas foram realizadas nas regiões de Planaltina/DF, Londrina/PR e Mato Grosso. Mais levantamentos estão sendo realizados para caracterizar a extensão da situação.
Já existem dados sobre o prejuízo causado pela lagarta?
É preciso uma validação dentro de estudos econômicos para mensurar o prejuízo causado pela lagarta. Apesar disso, sabe-se que é um problema muito sério que afetou produtores de vários segmentos. A Helicoverpa armigera atingiu principalmente produtores de algodão que possuem um sistema de produção muito bem estabelecido. A literatura descreve relatos de grandes prejuízos, de cerca de bilhões de dólares por ano, decorrentes de problemas com a praga.
Existem inimigos naturais para a Helicoverpa armigera no Brasil?
Até o momento, não foram identificados em campo no País. Entretanto, segundo a literatura mundial, existem sim inimigos naturais associados a outras espécies do gênero Helicoverpa.
Existe relação entre organismos geneticamente modificados (OGM) e o problema com a Helicoverpa armigera?
O uso contínuo de plantas Bt (veja explicações no quadro abaixo), sem o manejo adequado, pode ter favorecido o crescimento de Helicoverpa armigera, uma vez que a população das demais pragas foi reduzida. Mas nenhuma afirmação pode ser feita sem a conclusão de estudos.
Esse fato ilustra a importância do manejo correto em plantas transgênicas, uma tecnologia de fácil adoção, mas que demanda uma condução adequada para que os benefícios sejam alcançados.
A tecnologia Bt será uma aliada importante para o manejo dessa praga, como ocorreu na Austrália. Para tanto, será decisivo a observância do uso correto da tecnologia, principalmente relacionados aos aspectos de manejo de resistência, com plantio de área de refugio.
Como a Helicoverpa armigera chegou ao Brasil?
Ainda não há informações sobre isso. Um grupo de pesquisa liderado pela Embrapa atuou na identificação da espécie da praga e na proposição de medidas de controle. Novos estudos de DNA estão em andamento para identificar a origem das lagartas encontradas no País. Isso é importante para ampliar o conhecimento sobre essa praga, que resulte em práticas de manejo mais eficientes.
Quando foram registrados os primeiros relatos de ataques da lagarta?
Em dezembro de 2012, a Embrapa recebeu solicitações de agricultores sobre uma lagarta que não conseguiam controlar. A partir daquele momento, a primeira atitude foi saber qual era o problema. Algumas hipóteses foram levantadas: poderia se tratar de uma espécie que se tornou resistente à tecnologia transgênica, ou poderia ser a lagarta da espiga do milho, Helicoverpa zea, que já existia no Brasil e que estaria fora de controle, ou, ainda, poderia ser a Helicoverpa gelotopoeon, vinda da Argentina.
Como foi realizada a identificação da espécie Helicoverpa armigera?
Após a Embrapa receber os primeiros relatos, a decisão foi fazer armadilhas luminosas, coletas em campo e levar o material para laboratório. A partir daí, foi possível fazer um estudo detalhado. A identificação foi muito complexa, principalmente porque era preciso fazer a diferenciação da Helicoverpa zea. Foi realizada então a análise morfológica e, posteriormente, a análise de DNA de insetos adultos do sexo masculino.
A Helicoverpa armigera é uma mutação?
Não. É uma espécie já conhecida pela pesquisa científica, tendo sido descrita em 1809 por Hübner. Há relatos de ataques em países como Índia e Austrália e, por isso, existe uma literatura bem detalhada sobre ela. Na Europa, recentemente, foi feita uma análise para diagnosticar o risco real da praga, principalmente em países localizados mais na parte Norte como Holanda e Inglaterra. Foi detectado um alto potencial de voo dessa espécie, que se dispersa por grandes extensões de área. Ela tem capacidade de voo registrada de até 1000 km.
Assessoria